A clínica não precisa ser solitária!
- Circular Psicanálise

- 30 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Por: Geovanna Duarte
Por mais incrível que pareça, a clínica não precisa ser solitária. Digo que não precisa porque podemos fazer outras apostas, que apontem para um lugar diferente, menos isolado. Mas, dependendo do modo como a construímos, ela de fato será solitária!
Desde o período em que cursei Psicologia na faculdade, ouvia o quanto o percurso em Psicologia Clínica era solitário. Por um tempo, eu mesma reproduzi esse “jargão”, e essa foi uma das razões pelas quais decidi atuar também como Psicóloga Social – outra área na qual trabalhei e me encantei –, pois me parecia solitário demais ficar apenas no consultório. É claro que esse trabalho exige muito de nós, caso queiramos atuar de forma ética e responsável! E isso é algo pelo qual pagamos com nosso próprio esforço e dedicação.
Partindo de uma contribuição de Jacques Lacan, em seu texto A direção do tratamento e os princípios de seu poder, não é apenas o paciente/analisando que “paga” para estar em uma terapia/análise; o analista também paga. E paga com seu ser e com suas palavras. Em uma análise, o analista não está ali como “outra pessoa” para compartilhar suas próprias angústias e questões; isso deve ficar de fora! Emprestamos nossa escuta e suportamos e trabalhamos com as transferências, resistências e repetições daqueles que atendemos, sem colocar nossas próprias questões “em jogo”. Tudo isso pode, de fato, parecer solitário! Mas, para sustentar essa posição, que nos exige tanto, podemos – e ouso dizer que devemos – contar com outras pessoas, nossos pares.
Alguns casos que atendi eu não sei se teria conseguido conduzir sem o apoio de supervisoras que me ajudaram não só a escutar o caso com mais atenção, mas também a me escutar durante esse processo. Elas me ajudaram a entender que, talvez, ali houvesse questões que esbarravam nas minhas próprias, as quais eu deveria levar para minha própria análise, com minha analista/psicóloga.
Além disso, algumas leituras e estudos que realizei não teriam me proporcionado o mesmo aprendizado e insights se eu tivesse feito sozinha. Estudando em grupo, tive a oportunidade de compartilhar ideias e compreender o material de maneira mais rica. Recentemente, concluímos, em grupo, a leitura do texto do Lacan que citei antes, e foi incrível o que conseguimos construir juntas! Se tivesse lido sozinha, teria sido muito mais árduo, complexo e desafiador. Não digo que, por ter sido em grupo, deixou de ser tudo isso, mas foi muito mais possível! E, muitas vezes, nesses espaços de estudo, partilhamos nossas angústias em relação às dificuldades que enfrentamos na clínica, nos casos e nos estudos... e descobrimos que nossos colegas também passam por essas questões! Isso nos permite construir saídas, muitas vezes, juntos.
Não posso deixar de mencionar minha própria terapia/análise, em que a partir da escuta da minha analista, posso escutar a mim mesma, cuidar das minhas questões e “compreender” meus pontos de complexidade. Sem esse pilar, sem nos escutarmos, muitas vezes tendemos a levar muitas coisas para o lado “pessoal”, especialmente nas áreas mais sensíveis de nós mesmos. Imagine atender outra pessoa, como analista/psicóloga, com esses pontos delicados totalmente inflamados e sem o devido cuidado! Aquilo que mencionei antes, sobre nossa pessoa não entrar em jogo, correria grande risco, pois questões pessoais poderiam aparecer de maneira muito mais direta. Um exemplo: imagine que eu sinta que toda fala dirigida a mim é uma crítica, mesmo que não seja. Se eu não cuido disso em mim, muito provavelmente uma fala de algum paciente/analisando poderá me afetar de modo que eu interprete como crítica algo que ele disse, prejudicando nosso trabalho. Portanto, olha como é importante cuidarmos de nossas próprias questões!
Algo que Glesciane Oliveira, do Descomplicando Psicanálise, diz, me parece fazer muito sentido: a clínica pode ser tecida em conjunto! Não fazemos nosso trabalho sozinhos, e, se assim o fazemos, estamos profundamente equivocados. O próprio Lacan nos alertou sobre a importância da troca com os pares para a formação do analista.
Exige de nós? Sim. Dá trabalho? Sim. É custoso? Sim. Pagamos caro, individualmente? Também. Mas não precisamos – e nem devemos – fazer isso sozinhos!

Referências:
LACAN, Jacques. A direção do tratamento e os princípios de seu poder. In: __________. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998 .
Perfil citado: OLIVEIRA, Gleisciane. Descomplicando Psicanálise. Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/descomplicandopsicanalise/. Acesso em: 30 out. 2024.




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