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É, a palavra realmente é como um salva-vidas!

  • Foto do escritor: Circular Psicanálise
    Circular Psicanálise
  • 20 de ago.
  • 2 min de leitura

Por: Geovanna Duarte

Com esse título, retomo um outro texto aqui do blog, escrito pelo Lucas Nogueira, pois preciso enfatizar que, sim, a palavra é realmente como um salva-vidas. O que escrevo aqui traz, inclusive, uma boa dose de pessoalidade para falar sobre isso. É um texto sobre Psicanálise, mas sem ser sobre Psicanálise do ponto de vista teórico. Quero falar do efeito que as palavras tiveram sobre mim e sobre uma das minhas vivências nos últimos meses.


E, talvez, este texto também seja um efeito delas — afinal, é por elas que ele se compõe.


Neste ano, ao me tornar mãe, experimentei os melhores sentimentos que poderia imaginar, mas também os piores. Quando minha filha estava com apenas 21 dias de vida, ela teve um engasgo. Não foi um engasgo simples — foi um engasgo grave, que quase lhe custou a vida. Naquele momento, faltaram-me palavras que pudessem contornar o que nós vivemos durante os ‘cinco minutos mais longos da minha vida’.


No dia seguinte, após essa incidência do Real, mesmo que tenha ficado tudo bem e ela tenha se recuperado, a sensação ainda era de pura angústia: um vazio acompanhado da falta de palavras. Afinal, o Real, em Psicanálise, é justamente isso: aquilo que escapa à simbolização. Aquilo que nos atravessa de um modo tão intenso que, ao menos por um tempo, não é possível dizer sobre.


Nesse momento, pude contar com pessoas muito especiais, e uma delas foi a minha mãe. Recorri a ela no dia seguinte, sempre que sentia esse vazio. 'Precisei ser filha, para me sustentar como mãe.'Inclusive, foi dela que recebi uma das palavras que puderam contornar e dar sentido a essa experiência tão traumática. Ela me disse que agi como uma 'soldada'. Essa palavra — esse Significante — me acolheu pois sinto que foi isso mesmo: precisei agir.


Na medida em que os dias foram passando, novas palavras e sentidos foram surgindo. Pois cada detalhe desses 5 minutos e cada pessoa que fez parte dele foi o que possibilitou que a nossa pequena pudesse ficar bem. Logo parecia tudo ‘milimetricamente calculado’.


À medida que essas palavras chegavam — vindas de outros, ou que eu mesma conseguia pronunciar — senti que o que parecia incontrolável podia, de algum modo, ser atravessado. O que era indizível começou a ganhar contornos, e pôde transformar-se, aos poucos, em experiência passível de ser nomeada. Assim percebi, com força, que as palavras são, muitas vezes, nosso verdadeiro salva-vidas.


Bem que a aposta de Freud foi sobre elas: sobre a cura pelas palavras. E algo da minha dor pôde ser curado por elas. São as palavras — ditas, ouvidas e sentidas — que nos salvam e nos conectam ao que há de mais humano em nós.


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Link da imagem : https://pin.it/6IHsHW3IF


 
 
 

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