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A palavra é como um salva-vidas

  • Foto do escritor: Circular Psicanálise
    Circular Psicanálise
  • 16 de out. de 2024
  • 2 min de leitura

Por: Lucas Nogueira

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A fala enquanto forma de comunicação humana é composta por palavras, que articuladas uma à outra, formam um texto verbal que o usamos com a intenção de obter do ouvinte (através da compreensão) o sentido daquilo que nós mesmos estamos dizendo, pedindo ou sentindo. Quem fala, portanto, sempre demanda algum reconhecimento – o eu nunca o é sem o outro.


Enquanto seres falantes, somos permeados pela linguagem, isto quer dizer que somos constituídos com certa dose de alienação a palavras e sentidos que recebemos daqueles outros que nos antecederam – progenitores, cuidadores, etc. Para nascermos como sujeitos, é preciso que sejamos antes, “ditos” pelos outros, garantindo-nos assim um nome próprio e um lugar no desejo de uma família ou de alguém.


Mas, por um lado, se as palavras possibilitam nossa existência, a falta delas também é capaz de nos adoecer. Você deve estar se perguntando: como a falta de palavras pode causar algo em nós? 


É a palavra que nos fornece a possibilidade de simbolizar as coisas, oferecendo sentidos e consistência para aquilo que nos afeta, ou, do que não conseguimos reconhecer e organizar em nós. Sendo assim, quando a palavra falta, um sintoma pode emergir tomando seu lugar.


Contudo, podemos dizer que nem sempre as palavras são valorizadas, e por vezes, as subestimamos. Não é por acaso que notamos na clínica, algumas pessoas demonstrarem certa incredulidade no início do tratamento pelo fato de ocorrer pela via da palavra. Na psicanálise, caminhamos pelas palavras, pois somos revestidos por elas – somos feitos de carne, ossos e, também, palavras.


Além disso, sabemos que as palavras nem sempre são “nossas”, uma vez que nos alienamos a palavras e enredos antecedentes. O sofrimento, assim, é sempre causado, em alguma medida, pela falta ou demasia de sentidos.  Por isso, uma análise sempre busca desfazer pela palavra o que foi feito pela palavra – nos separar desses ‘outros’ em nós.


A palavra é como um salva-vidas: ela nos coloca a dar um passo frente à (nossa) vida.  

 

 

 

 
 
 

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