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O diagnóstico diferencial na psicanálise

  • Foto do escritor: Circular Psicanálise
    Circular Psicanálise
  • 17 de mar.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 5 de mai.

Por: Lucas Nogueira

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Em psicanálise, a noção de diagnóstico ocorre de maneira totalmente distinta da medicina. Enquanto os sintomas são classificados como psicopatologias e/ou transtornos pelo médico, partindo de uma perspectiva nosológica, o psicanalista considera o sintoma não apenas como expressão de uma doença, mas como marca de uma estrutura subjetiva.


Segundo Dor (1991), o analista se serve unicamente do discurso de seu paciente para determinar a orientação do tratamento, em que dispõe de sua escuta para delimitar o campo de investigação clínica. É a partir da narrativa do sujeito que enuncia seu sofrimento, da pré-história de sua doença/vida, essencialmente subjetiva, que o analista localizará o que inconscientemente sustenta a enfermidade posta em questão.


Por isso, em psicanálise, trabalhamos com um diagnóstico diferencial, baseada na própria experiência de fala do sujeito, onde este pode bem-dizer seu sofrimento, seu sintoma, para que sua própria vida e, consequentemente, seu sofrimento possa ser questionado/repensado.


Ainda para Dor (1991, p. 16): “Desde o início, Freud sublinha a importância do dispositivo do discurso livre, logo nas entrevistas preliminares. De fato, aí esta o ponto fundamental que subtende o problema da avaliação diagnostica, que se deve circunscrever na ordem do “dizer” do paciente, e não ao nível dos conteúdos da ordem do seu “dito”. Daí resulta uma mobilização imperativa da escuta. Este único instrumento de discriminação diagnostico deve ter prioridade sobre o saber nosográfico e as racionalizações causalistas.”

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Dessa maneira, o que se busca no trabalho da análise é esvaziar o sentido do sintoma, ou melhor, ir para além dos sentidos para podermos saber ler qual a lógica do padecimento em questão. Portanto, o que está em jogo no diagnóstico da clínica psicanalítica é a dinâmica de funcionamento psíquico do sujeito, onde se busca mais compreender como e pelo que uma pessoa sofre do que por suas razões.


A partir desse breve texto, podemos concluir que a noção de cura em psicanálise não é exatamente extirpar um sintoma, pelo contrário, devemos levar o sujeito em análise a indagar seu sofrimento e implicá-lo com isso: só assim saberemos ler as coordenadas do seu desejo.




Referencias


DOR, Joël. Estruturas e clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Taurus-Timbre editora, 1991.



 
 
 

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